Recuerdos


Temos (infelizmente) a tendência para criticar tudo e todos os que pensem, digam ou façam coisas que diferem da nossa maneira de ser. Muitas vezes até criticamos nos outros aquilo que nós próprios já fizemos, ou que viremos a fazer mais tarde. Já os antigos diziam que "a primeira semente a colher será a da língua" e tinham razão.

Não me acho de forma alguma melhor que os demais, mas assisto por vezes a comportamentos, nos quais não me consigo rever. Não quer isto dizer que não tenha já feito igual, ou pior. Não posso dizer que não gosto de ervilhas, se nunca as provei. De igual modo, situações em que agora não alinho, é porque já passei por elas e não gostei, ou porque com a amadurecimento passei a vê-las como menos próprias.

Por exemplo, do ponto de vista sexual, fui apurando os gostos com a idade. Hoje já não me envolvo com um determinado tido de pessoas, ou em certos lugares, o que não quer dizer que não o tenha feito noutro tempo. Nos meus tempos de juventude experimentei quase tudo. Se uns recordo com um sorriso nos lábios, outros houve que não deixaram saudades nenhumas, mas todos foram experiências e contribuíram para a formação do homem que sou hoje. Só por isso valeram a pena.

Lembrei-me hoje de um desses episódios, dos tempos em que eu era um jovem insaciável e queria experimentar de tudo. Andei um tempo cismado em ter sexo com um gajo numa casa de banho pública. Na época deslocava-me muito de comboio e quando precisava de usar os WCs da estação, apercebia-me que se faziam lá engates. A minha condição de puto tímido provocava-me algum constrangimento, mas saía de lá cheio de tesão e vinha para casa a trepar pelas paredes.

Um dia decidi que havia de ter qualquer tipo de contacto mais íntimo com alguém lá dentro. Queria saber como era. O que motivava aqueles homens ao ponto de se arriscarem num ambiente público, onde qualquer pessoa pode entrar. A sujeitarem-se a serem apanhados em flagrante e insultados a qualquer momento.

Entrei e olhei ao meu redor. O WC estava praticamente vazio, mas ao fundo estava um cota com os seus 50 anos, que olhava de cada vez que a porta se abria. Tinha idade para ser meu pai, mas era um tipo charmoso e enxuto. Terminei de urinar, dirigi-me aos lavatórios e pelo espelho reparei que o tipo me fazia sinal para que me aproximasse.

Enchi-me de coragem e coloquei-me ao seu lado. O cota estava excitado e eu tinha a pila que me queria rebentar a braguilha. Abri o zip e deixei-a respirar. Vi que se masturbava e comecei a fazer o mesmo. Estávamos sós e ele começou a falar-me ao ouvido, dando-me indicações de como me masturbar. "Agora mais rápido, agora mais devagar, agora pára, imagina que te fazem isto e aquilo, agora continua..." Em momento algum nos tocamos, mas aquela sensação de "fruto proibido" tinham-me completamente extasiado.

Infelizmente durou pouco. Apenas um momento. Esporrei-me rapidamente, mas foi uma ejaculação que me pareceu durar uma eternidade. Lavei as mãos e saí dali a correr, com aquele sentimento de menino que tinha feito asneira e receava ser descoberto.
Não tornei a vê-lo, mas nunca mais esqueci a sua voz rouca a sussurrar-me ao ouvido. Foi sem duvida a melhor punheta da minha vida.

1 comment:

  1. Acho que todos passámos por isso, mas alguns não o admitem, infelizmente...

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